24 de julho de 2009

Em 1930...

Era assim que se fazia a volta a frança...












3 comentários:

Nuno Sousa disse...

... e agora a pergunta:
quem é melhor? Os actuais ciclistas com equipamentos estudados à grama, e com equipas que controlam o menor detalhe, detentores de consecutivos recordes, ou os pioneiros que mais que condições tinham uma vontade férrea de "andar de bicicleta" e construir um futuro para a modalidade?

fillets disse...

Uma pergunta bastante interessante... Já tive longas conversas sobre esse tema e há sempre muitos aspectos a ter em conta...
Para além do ciclismo, também adoro historia e há uma coisa que me fascina ainda mais... a historia do ciclismo (das grandes voltas, é como um juntar o útil ao agradável)... Como tal, os meus heróis são homens que venciam a volta a França, com cerca de 5000 km ( em 15 etapas ao contrario dos actuais 3500km de 21 etapas)... Numa altura em que as bicicletas eram rudimentares, as primeiras bicicletas com mudanças só foram introduzidas na década de 20 ou 30, por isso eles só tinham um andamento para todo o tipo de terreno (as montanhas eram feitas com a bicicleta à mão pois optavam geralmente por um andamento mais pesado). Não havia comunicações, nem massagens, nem autocarros com um staff sempre disponível a prestar apoio, nem sequer havia a ciência desportiva que existe hoje, os métodos de treino, não sei ao certo, mas acredito que nos primórdios nem sequer havia o conceito de ciclista profissional... Há historias fantásticas de ciclistas a pararem para comprar uma "bifana" e comprar agua (e ate cerveja), coisa que agora é garantida pelos carros... Uma das fotos dos post ate podemos ver a qualidade dos serviços médicos e... andavam sempre com um ou mais pneus nas costas, como se pode ver na foto do senhor com a cara ligada (esse senhor é o Leonida Frascarelli, um dos primeiros ciclistas a rapar os pelos das pernas)...
Actualmente fala-se bastante dos casos de dopping no ciclismo, mas há tanto dopping no ciclismo como em qualquer outro desporto, o ciclismo tem é um controlo muito mais apertado, daí que qualquer tentativa de dopagem seja detectada, claro que isso me entristece e prejudica a verdade desportiva, no entanto antigamente os ciclista podiam consumir o que bem entendessem... o Caso mais flagrante foi o de Tom Simpson que morreu numa etapa da Volta a França de 1967... morreu de exaustão, na verdade a sua morte deveu-se a um cocktail de anfetaminas e álcool que foi fatal. Nesta altura não havia qualquer entidade que controlasse isto o que também nos da que pensar acerca desse (pseudo) heróis do ciclismo que fizeram historia na volta à França...
Nos dias de hoje com as bicicletas tecnologicamente muito desenvolvidas (têm o peso mínimo obrigatório de 6.8Kg) com planos de treino, aperfeiçoados, medicina desportiva, o uso da ciência no aperfeiçoamento da posição de pedalar e ate na aerodinamica. Autocarros para as equipas, massagistas, mecânicos, carros de apoio, comunicações entre o director desportivo e os atletas.. enfim, tudo é pensado ao pormenor e muito menos apaixonante que o ciclismo de antigamente...
Uma coisa é certa, antigamente numa volta como a volta a França a diferença entre o 1º classificado e o 2º podia ser facilmente 30 minutos, enquanto que actualmente são 4 minutos ou ate menos, podem ser segundos apenas... As médias horáriastambém aumentaram muito, e continuam a aumentar (a primeira volta a França foi em 1903 e a media rondou os 24 km/h, a volta que ontem terminou teve uma media final de 40.3 km/h).
Há muita gente que defenda que o Belga Eddy Merckx foi o melhor ciclista de todos os tempos (venceu 5 voltas a França, 1969, 70, 71, 72 e 74), outros dizem que o melhor foi o tão conhecido Lance Armstrong porque ganhou 7 voltas a França consecutivas (de 99 a 2005)... É sempre difícil afirmar tal coisa, foram dois ciclistas Fantásticos, a única maneira de saber qual deles foi o melhor seria colocar-los lado a lado, no seu topo de forma e ver-los a competir... uma coisa é certa, seria um espetaculo que eu não iria perder... mas como isso jamais será possível, resta-nos acarinhar-los como grandes nomes da historia do ciclismo...
Para concluir... São os grandes nomes dos primórdios do ciclismo que me emocionam, são eles que me dão vontade de todos os fins de semana pedalar, são eles os meus Heróis. Se são melhores que os ciclistas actuais, nunca o saberemos, mas é a eles que eu devo esta minha paixão pelo ciclismo...

Nuno Sousa disse...

Ou seja: o ciclismo fez-se e faz-se de quem ama este desporto. Tu também és um desses grãozinhos de poeira que ajudam a sedimentar este grande desporto e a torna-lo cada vez mais respeitado.

Obrigado pela excelente lição de história. Gostei bastante.