25 de junho de 2010

Avô

ontem, completei 25 anos. e faltou-me um telefonema. faltou-me o teu telefonema, avô.
embora não sinta a urgência de erguer as saudades que sinto de ti como uma bandeira para que todos a possam ver, o facto é que ela sempre existirá. e será sempre a saudade de uma neta. de uma neta, nem sempre presente, mas sempre acarinhada por ti. aliás, como todos os teus netos e toda a tua família. a família sempre foi o teu estandarte, o teu objectivo máximo de vida. e, deixa-me dizer-te, avô, fizeste um bom trabalho! poucas foram as vezes que visitei a tua campa. e, honestamente, não sinto muita necessidade de o fazer. não foi lá que te deixei e sei que não é lá que encontrarei as memórias mais queridas que guardei de ti. sei que, pelo jeito com que sempre admiraste a minha facilidade com as letras (especialmente, por causa daquele poema que escrevi para a minha mãe, ainda na escola primária, e que a D. Fátima te mostrou), esperas de mim, estejas onde estiveres (e eu acredito que estás onde a tua fé te levou), a devida homenagem poeticamente palavreada (a verdade, avô, é que ando a perder competências poéticas). devo-te essa desde sempre. ainda vivo, já te devia essa. mas, sabes como é avô, a gente nem sempre arranja a coragem, o tempo e a abertura de espírito para dizer às pessoas que nos rodeiam e que amamos, o quanto elas são importantes na nossa vida. e contigo, falhei. devia-te este "obrigada!" em vida, mas só to posso dizer agora. eu sei que, pela fé que sempre me testemunhaste, me estás a ouvir agora. sei que fui fisicamente ausente, quando ainda eras vivo. a vida fez com que nem sempre pudesse estar ao teu lado. não me arrependo. afinal, mais do que ninguém, foste tu quem me ensinou a ter ambições e a lutar. e foi o que fiz e ainda faço.

o poema (a melhor homenagem que te poderei fazer) que já é teu, mesmo antes de nascer, chegará um dia. o dia em que a recordação de ti trará apenas sorrisos rasgados e memórias brilhantes. por agora, avô, a saudade ainda traz o nó na garganta e os olhos humedecidos. tu mereces que a gente saiba rasgar um sorriso sempre que falarmos de ti a alguém. por isso, o poema chegará, para ti, com o meu melhor sorriso. prometo.

3 comentários:

Oh, Mrs. Dalloway! disse...

Não tem de haver poema para ser poesia ;)

Dianinha disse...

O que tem de haver sempre é esse sorriso bom :) porque se há saudades de neta (as mesmas que eu sinto enquanto neta) é porque foi tudo infinitamente bom :)

Nuno Sousa disse...

sobrinha depois do que li,nao posso deixar de te dizer que,aquelas lagrimas secas que tenho chorado durante estes quatro meses,para que ninguem nota que estou a sofrer,especialmente(o meu filho e a minha mae)tornaram se num rio,as saudades sao cada vez mais,tenho tentado engar me,saindo divertindo me,mas quando me apercebo,da realidade,a vida deixou de fazer sentido. o teu avo merece tudo o que possas fazer por ele,ele gostava de todas as netas mas tu eras especial,porque ele sempre te teve como substituta da filha que deus lhe levou,o meu pai acho que antes de partir,realizou os objetivos dele casar os filhos todos,mas nao concretizou um desejo dele que era estar fisicamente no teu casamento.obrigada por seres umaneta boa.esperança enes