23 de dezembro de 2009

Ontem, enquanto atravessava a Rua Direita a passos largos para mais uma compra natalícia, cruzei-me com uma mãe e duas filhas pequenas. Uma de cada lado da mãe. De mãos dadas. A filha mais pequena [arrisco a dizer que tinha 4 anos] falava insistentemente com a mãe sobre um assunto a que não prestei atenção. Sei que o assunto incluía a figura do Pai Natal. Eis que, num acto de fúria, a mãe aperta a mão da filha com força e grita-lhe irada, em plena Rua Direita, "JÁ TE DISSE QUE O PAI NATAL NÃO EXISTE!"

Não sei se a mãe me viu. Não sei se algumas das muitas pessoas que corriam atarefadas naquela Rua Direita musicada com alegres cânticos natalícios, se apercebeu daquela crueldade!
Eu vi, senti e não gostei.

O Pai Natal não existe. É verdade. Mas já existiu em mim e naturalmente foi desaparecendo. Não foi necessário que me gritassem aos ouvidos, castrando todos os meus sonhos, que ele não existia.

1 comentário:

Nuno Sousa disse...

No meu tempo era o menino Jesus.

... antes de o natal ter sido literalmente engolido pelo comércio. No tempo do menino Jesus, a mãe não teria tido a necessidade de tamanha crueldade.