Admito que a minha primeira reacção às palavras proferidas pelo Cardeal Patriarca de Lisboa e Representante da Igreja Católica Portuguesa no Vaticano, D. José Policarpo, foi um baixar a cabeça de vergonha e de incompreensão. Considero, como católica que sou, que nenhum cristão se pode manifestar intolerante quanto às opções religiosas de cada um e, muito menos, ajuizar de modo generalista e sem critérios esse modo de estar na vida. Tanto quanto me foi ensinado Deus deu-nos o livre-arbítrio. Ou não? Nas afirmações que proferiu, D. José Policarpo misturou todos os muçulmanos num mesmo saco como se fosse impossível a existência de heterogeneidades neste grupo. E não o é. Todas as pessoas são diferentes e vivem a religião que profeçam de modo diferente. Não há um único modo de viver a fé e a essência dessa fé não se altera entre os diferentes modos de a viver. [devemos sempre fazer o exercío de distinção entre o que é a essência de uma religião e os pormenores da mesma] Há muçulmanos fundamentalistas e radicais e há católicos cristãos fundamentalistas e radicais. E se ouvíssemos nós, católicos, um representante de uma religião qualquer dizer às suas caras crentes para não se casarem com católicos porque não sabem os sarilhos em que se metiam. Não era bonito de se ouvir, pois não?
No entanto, e não de lhe dando a absoluta razão, compreendo as suas palavras de frustação que resultam, muito provavelmente, das suas tentativas falhadas de aproximação e diálogo com os líderes muçulmanos. Uma coisa é certa, eu nunca tentei, enquanto católica, entrar em diálogo com um muçulmano e nunca li na íntegra o Alcorão e, por tal, compreendo minimamente o modo de vida dos muçulmanos. Desconheço, por isso, as dificuldades de que falou.
Agora, isto nunca devia ter sido dito...
“Pensem duas vezes antes de casar com um muçulmano. Nem Alá sabe onde é que acabam”
Esta afirmação D. José Policarpo foi bastante infeliz, despropositada e generalista. Colocou completamente de lado a hipótese de haver muçulmanos íntegros e respeitadores da liberdade humana. Uma verdadeira relação de amor compreende a liberdade do outro e o respeito pelas suas opções. Não me parece de todo impossível uma relação de amor entre duas pessoas com convicções religiosas diferentes. Quando há Amor, tudo é possível.
S/ Tútulo
Há 1 mês
1 comentário:
Perante esta observação, uma duvida reside em mim.... Devemos então odiar os Mulçumanos??? E as mulheres que de livre vontade optam por ser mulçumanas. Confesso que nunca li o "Al Corão", mas acredito que haja espaço em tudas as religiões para o respeito mutuo.
O fundamentalismo cristão também existe e é segregador dos direitos das mulheres
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