30 de outubro de 2008

Hoje há tantos motivos para escrever

]tantos como as gotas da chuva[

[vou desligar a Internet]

Ainda escrevo o que não sinto nem sou

[a tristeza é um motivo ingrato]


e amanhã é outro dia...

da magia...

antigamente, eu tinha dias tristes
[dias tristes que não pesavam]

porque eu inventava os dias tristes

[apenas para esvaziar-me das lágrimas]

tinha dias tristes
[inventados?eu sei lá!] que eram assaltados
[e transformados em magia]

vocês roubavam-me o peso dos dias tristes...
[hoje já não há quem queira os meus dias tristes]

alguém, por favor, que me roube
o peso dos dias tristes...

[que me deixe os dias tristes, que me liberte do seu peso]


[ainda assim escrevo...sinto a vossa falta, minhas babes mágicas]

Vamos voltar aos tempos antigos...
voltar a transformar em estrelas cadentes as tristezas dos nossos dias
Vamos?

[sadness]

[Picasso]
retrato do dia em mim...
...and all this solitude

27 de outubro de 2008

no banco do comboio


Vejo a paisagem deslizar pela janela
Sempre gostei de viajar de comboio
Das vidas agitadas que se cruzam com as vidas relaxadas
Da mistura entre estilos de vida.
Lá fora observo ao longe um agricultor alheio a isto
Apenas desejoso de terminar mais um dia de trabalho e aguardando uma boa colheita.
Mais uma estação…
Mais pessoas…
Mais despedidas.
O pedinte que estende a mão, mas sem qualquer proveito.
Volta a arrancar o comboio,
Alguém teima em colocar a mala retalhada nos compartimentos por cima dos bancos
Esmurrando a mala… esmurrando uma parte de si
A mala desleixada não condiz com a sua figura bem cuidada.
Felizmente a mala entrou…
De novo a toda a velocidade cruzamos estradas, vales, aldeias…
O sono apodera-se de mim, tento resistir-lhe mas não sou suficientemente forte…
Fecho os olhos…
Adormeço…

Os meus pés gelados


Os meus pés gelados


acolhem [sem ressentimentos] a estação fria [lá fora]


os meus pés gelados

prometem-me o calor de um chã, uma noite que não aquece, uma botija de água quente, três pares de meias...[e o peso esquisito de uma velhice que não tenho, mas que corre, muuuiiiiitttoooo lentamente, no meu sangue]

os meu pés gelados


pedem os teus pés junto aos meus [com quatro pares de meias e ainda mais gelados]

os meus pés gelados
não se queixam do frio da estação vizinha

os meus pés gelados
procuram-te
esperam-te
e querem ficar no calor dos teus


Lembras-te dos nossos pés nas havaianas?



Morenos, quentes e cheios de Verão
[Juntos]



Vá lá...

Surpreende-me...