7 de julho de 2010

Carta de (des)motivação

Candidatei-me, finalmente, ao Mestrado e com esta carta de motivação, cheira-me que não vou lá. Fui honesta e nos tempos que correm a honestidade paga-se caro.
Aqui vai ela e, vah, sejam honestos e digam lá se sou ou não uma grande besta com a mania da honestidade (O Rogério diz que sou seleccionada, honestidade ou não, o que a instituição quer é gente a pagar propinas, o que, trocando por miúdos, significa o salário no final do mês para as vivalmas que lá trabalham).

Eis a dita cuja:

"Com a introdução dos princípios do Tratado de Bolonha no Ensino Superior português, a prossecução dos estudos conducentes ao grau de Mestre é já, não tanto um desejo, mas uma imposição para quem não quer ver defraudados, do ponto de vista profissional, cinco anos de estudos universitários, que culminaram, somente, numa Licenciatura. “Aprender ao longo da vida” é o lema daqueles que não querem, obviamente, ficar ultrapassados. E eu não quero ficar para trás. Necessitava, contudo, do meu ponto de vista, de mais tempo para amadurecer a minha vocação. No entanto, os tempos correm e o “tempo de maturação” escassa e aos 25 anos sinto que não podia adiar esta decisão. Quando procurei a oferta de mestrados em território nacional, sobretudo, na região norte, fi-lo com o intuito de me inscrever num mestrado que me desse mais hipóteses de empregabilidade e continuidade nas funções que exerço actualmente. Os tempos estão difíceis e cada vez mais ficámos impossibilitados de lutar e sonhar pelo que realmente nos dá gozo e felicidade. Apesar de considerar que o Mestrado em Gerontologia Social é bastante promissor do ponto de vista da empregabilidade, sei também que o trabalho realizado nesta área, sobretudo nas IPSS's, é na generalidade mal remunerado. Obviamente, para mim, que constituí família recentemente, o rendimento familiar no final do mês tem um peso efectivo. Por isso, é com honestidade que digo a Vossas Excelências, que a decisão de me inscrever neste Mestrado não foi pacífica, porque obviamente pesa no meu futuro. Se me inscrevi somente neste mestrado, posso-vos assegurar, fi-lo do coração. É uma área do conhecimento que me cativa e me entusiasma. Se tiver em conta que 80% do nosso tempo é dedicado ao trabalho, esta decisão só podia ser motivada pelo o meu coração. Não tenho a menor dúvida que serei uma excelente aluna e, se me derem a oportunidade no futuro, uma boa profissional na área. Realizei o meu estágio curricular num Centro de Dia e desenvolvi um projecto de intervenção comunitária na área do envelhecimento activo que me deu bastante gozo. Tive, também, a sorte de encontrar trabalho logo após a conclusão da licenciatura numa empresa de prestação de serviços na área da geriatria, onde pude desenvolver bastantes projectos na área do envelhecimento, inclusive, a implementação de uma Universidade Sénior no concelho de Barcelos. No mesmo período, desenvolvi e implementei sessões de estimulação cognitiva com os idosos residentes de um Lar de Terceira Idade. Todo este trabalho, possibilitou-me o convite para a participação numa palestra, enquanto oradora, numa escola secundária do concelho acerca da estimulação cognitiva na Terceira Idade.

Tenho, penso eu, a experiência profissional suficiente, embora quisesse adquirir mais experiência, para perceber se é esta a área em que devo apostar e, sobretudo, se é uma área que me fará sentir realizada e feliz do ponto de vista profissional. E eu sei que é. Portanto, e para finalizar, o que realmente me motivou para apresentar candidatura a este mestrado foi a oportunidade de trabalhar na área da gerontologia, com conhecimentos renovados e mais bem preparada, e, sobretudo, a vontade de tentar a sorte e apostar numa área que me faz sentir realizada e feliz."